segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Resumo da tese: "Considerações sobre uma estética contemporânea"

RAHDE, Maria Beatriz Furtado. Considerações sobre uma estética contemporânea. 2007. 16 f. Pesquisa (Pós-graduação) - Curso de Comunicação, Puc Rs, Porto Alegre, 2007. Cap. 01. Disponível em: <http://www.compos.com.br/e-compos>. Acesso em: 15 nov. 2010.


O texto é uma análise sobre as características da pós-modernidade, trazendo sempre os conceitos formados no período da modernidade, para que ambos sejam debatidos, comparados e haja um discernimento mais claro a respeito das suas diferenças basilares.
Enquanto na modernidade, as criações deveriam obedecer a regras, dogmas, a pós-modernidade aponta para o caminho da liberdade, da hibridação entre o real e o imaginário. Viabilizando, dessa forma, novas possibilidades imaginísticas e novas construções visuais.
O ser humano é visto e aceito dentro de toda sua complexidade, sendo-lhe permitida a construção de novos imaginários e a relação livre entre esse imaginário e o simbólico.


As imagens que chegam até a esse sujeito pós-moderno, são permeadas por diferentes visuais estéticos. Na contemporaneidade as imagens são associadas ao mundo visual, virtual e imaginário. Dessa forma, a estética visual contemporânea tende à multimídia, à mistura, à hibridação e não se preocupa com uma pureza estilística, transitando entre a diversidade.
Se opondo ao positivismo puro, na pós-modernidade a neutralidade é considerada inviável, pois as emoções não deixam de interferir nos nossos julgamentos ou ações. A estrutura humana é a junção entre a razão, a percepção, a sensibilidade, os símbolos, os imaginários culturais e sociais e essas características não são dissociáveis.
A modernidade era caracterizada pela exclusão, e em oposição está a pós-modernidade, onde existe a permissividade em agregar diversos estilos estéticos. O sujeito não convive impunemente com essa diversidade que está ao redor, seu interior também é modificado, ocorre uma re-leitura dos seus valores, interagindo com o mundo contemporâneo.

As imagens que nos cercam são ambíguas, estão muito mais próximas da imperfeição, do que da perfeição preconizada pela modernidade. O lógico está cada vez mais próximo ao sentimento e ás percepções. A estética passa a valorizar a qualidade e não mais a quantidade.
Existe a busca pela qualidade de vida, pelo melhor convívio com a natureza e paradoxalmente as máquinas tornam-se cada vez mais presentes e indispensáveis, esse é um mundo polissêmico, plural.
Para melhor apreensão desse mundo de diversidades é necessário desenvolver um senso de criticidade apurado, cultivando uma harmonia estética interior. Para esse desenvolvimento harmônico é necessária a percepção de si mesmo, a formação da sensibilidade, sendo esses pressupostos fundamentais para a compreensão do mundo contemporâneo, que une a tecnologia, a epistemologia e o imaginário que integram a realidade social. Necessitamos dessa compreensão mais apurada para pensarmos tanto o prazer da beleza, quanto o produto cultural.
A pós-modernidade é inclusiva, valoriza o eclético, aceitando quase todas as manifestações do imaginário humano, que trata-se do processo de relação entre o universo subjetivo e a realidade objetiva.
Nesse mundo complexo, sem verdades absolutas, é através do imaginário que construímos novos conceitos estéticos, permitindo um retorno aos sonhos, aos mitos e ás fantasias.
A pós-modernidade traz maior liberdade e maiores possibilidades de argumentações, facilitando a convivência e a aceitação das contradições que estão a nossa volta.
Nas manifestações visuais da pós-modernidade há um posicionamento lúdico, cético, informal, tolerante e irônico, negando o dogmatismo e um posicionamento elitista. Os artistas apresentam uma forte tendência pelas preferências individuais transitórias, que respeitam o valor do que é único, do que é singular.

As representações do sujeito pós-moderno são complexas e estão coadunadas com a sua instabilidade e flexibilidade.


O filósofo Plotino, defende a teoria de que a beleza vai depender da participação de uma ideia, não estando condicionada apenas a simetria, proporcionalidade ou qualquer dogmatismo defendido pela austeridade dos teóricos. Essas reflexões estão em total concordância com a contemporaneidade e remetem à necessidade em combater a formação modernista, transpondo as barreiras que rejeitam e criticam as manifestações da arte contemporânea.

No mundo contemporâneo, nem todas as representações podem ser consideradas esteticamente belas e a autonomia e liberdade adquiridas, requerem  uma reflexão mais aprofundada sobre o estético no pós-moderno.
O ser humano necessita de uma visão ampla da história humana, da história das ideias e da historia das imagens, para poder desenvolver novas visualidades, releituras e reestruturações dos seus conceitos estéticos.
O desejo pela liberdade não é uma característica exclusiva da pós-modernidade, já na Renascença ele se manifestava, com uma visualidade estética voltada para o grotesco, fugindo aos padrões de beleza da época.

Um exemplo é o escultor Ron Mueck, suas obras são caracterizadas pelo hiperrealismo e pelo grotesco, similaridades evidentes ao contemporâneo pós-moderno.
A pluralidade não abre espaço para a beleza ou a verdade única, não depende apenas das teorias desenvolvidas, mas do compartilhamento da emoção, do imaginário e da interação do próprio eu com o objeto ou a forma visual. 

O ser humano que faz parte do contemporâneo, da pós-modernidade, dependendo da sua cultura, aceita, partilha e percebe a nova visualidade estética, sendo portador de conhecimento, espírito crítico e reflexivo.






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