segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Resumo - Iniciação à Estética - Capítulo III - Teoria Platônica da Beleza - Ariano Suassuna


SUASSUNA, Ariano. Teoria Platônica da Beleza. In: SUASSUNA, Ariano. Iniciação à Estética. Rio de Janeiro: José Olympio, 2004. Cap. III, p. 41-47.





A Beleza e a Estética são estudos correlatos. Existe a questão de a Estética poder ser tratada ou não pelo aspecto filosófico. Essa abordagem suscita uma corrente contrária, a dos irracionalistas, que defendem, principalmente na Arte, uma individualização das interpretações e formação de conceitos.

Na obra de Platão, a beleza de um ser material está condicionada a sua capacidade em comunicar-se com a Beleza Absoluta, que habita o mundo das ideias. A teoria platônica da Beleza e da Arte se relaciona à visão geral do mundo. Platão fazia a seguinte divisão: Mundo em ruína, que está diante dos nossos olhos, a feiúra, a decadência e o mundo em forma, que é eterno e imutável. Nesse mundo, a Verdade, a Beleza e o Bem são essências superiores.



Apesar das críticas sofridas de ser impreciso em suas ideias, Platão afirma que a alma é atraída pela Beleza como uma volta às suas origens. Segundo o filósofo, a alma carrega as recordações e impressões das formas e verdades conhecidas no mundo das ideias, ou mundo das essências. Algumas pessoas têm maior ou menor aptidão para carregar consigo a Beleza, a Verdade e o Bem absoluto e eterno por natureza, quando se unem ao corpo material e deteriorado.


Platão indica o caminho místico como o único possível para conectar o homem das coisas grosseiras, ao mundo das ideias. Refere-se ao mito da “parelha alada”, que trata da busca de todo ser humano por sua metade, seu complemento, sua parelha.

O amor faz com que o homem, desejoso em unir-se à Beleza, inicie essa busca de forma primitiva, ou seja, desejando um belo corpo. Posteriormente, sendo ele um homem superior, capaz de carregar as lembranças do mundo das essências, percebe que a beleza do corpo é igual à beleza de qualquer outro corpo belo. A conclusão é a de que a beleza não se prende a um só corpo e o amor passa a não ser somente aos corpos, mas toda a beleza que neles reside, tornando-se um sentimento desinteressado.


O amador se depara com a realidade de que a beleza do corpo é passageira e decadente, pouco digna de estima. Já a beleza moral é eterna, não sofrendo abalos com o passar do tempo. Nessa etapa, o amador está consciente de que a Beleza é imutável e independente de comparações.

Na trajetória do amor, inicialmente físico e depois espiritual, o homem atinge ao ponto de contemplar a Beleza Absoluta. A beleza das coisas sensíveis é um reflexo insuficiente e insípido desta beleza verdadeira, da qual outras belezas menores fazem parte.

Para o filósofo, a Beleza se identifica com a Verdade e ambas com o Bem, ou virtude. Segundo ele, a Beleza causa o prazer, o deleite, o arrebatamento. A Verdade, a sabedoria também são bens a serem possuídos e não somente conhecidos.

Para Maritain “a sabedoria é amada por sua beleza enquanto que a beleza é amada por si mesma”, ou seja, a Beleza produz o amor por sua própria essência, enquanto que a verdade a ilumina e faz resplandecer.

Ressalta-se que para Platão, a contemplação da Beleza é um resgate da memória. A alma recorda-se das realidades que já observou numa outra existência. Esses são os pressupostos da teoria da reminiscência, que informa todo o pensamento platônico não apenas da contemplação da Beleza, da Verdade e do Bem, mas também dos processos que criam a Arte.

Conclui-se que a beleza terrestre é um reflexo da Beleza Absoluta, é tão somente uma reprodução dos modelos ideais.

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